sexta-feira, 1 de março de 2013

Plano Juventude Viva é apresentado na ENSP


O homicídio é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos brasileiros, especialmente negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais da metade (53,3%) dos 49.932 mortos por homicídios em 2010 no Brasil eram jovens, dos quais 76,6% negros (pretos e pardos) e 91,3% do sexo masculino. Os homicídios de jovens representam uma questão nacional de saúde pública, além de grave violação aos direitos humanos, refletindo-se no sofrimento silencioso e insuperável das famílias e comunidades negras, além de já se configurar como um problema demográfico.

O movimento social negro vem denunciando há décadas essa situação e a exposição deste segmento de jovens a situações cotidianas de violência evidencia uma imbricação dinâmica entre os aspectos estruturantes, relacionados à causas socioeconômicas, e processos ideológicos e culturais, oriundos de representações negativas acerca da população negra. Este tema foi eleito pela atual gestão da Secretaria Nacional da Juventude – SNJ/PR como um dos focos para sua atuação, e em parceria com a Secretaria Especial para Promoção Igualdade Racial - SEPPIR, criou o Plano de Enfrentamento à Violência contra a Juventude Negra – “Juventude Viva” a ser apresentado no dia 5 de março no 4º andar - auditório Internacional da Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP/Fiocruz, das 9h às 13h.

O seminário é iniciativa do Fórum de Juventudes do RJ, em parceria com a SNJ/PR, com apoio de instituições, dentre elas a ENSP/Fiocruz através de sua Cooperação Social. Desde 2011 esta assessoria da direção da Escola vem desenvolvendo o tema Saúde da População Negra através de dois seminários, que envolveu a articulação com instituições e movimentos sociais que trabalham na área. A partir destas iniciativas vem sendo tecidas relações de cooperação com a SNJ/PR com o intuito de colaborar com o
enfrentamento a esse grave problema de saúde pública no Brasil: a violência contra a juventude negra.

Histórico
A Secretaria Nacional da Juventude (SNJ/PR) e a Secretaria Especial para Promoção Igualdade Racial – SEPPIR ao participarem do Fórum Direitos e Cidadania, criado pela Presidenta Dilma para desenvolver políticas intersetoriais entre os ministérios próximos à questão dos Direitos e Cidadania, sugeriram que o Fórum priorizasse o tema violência contra a juventude negra.

O resultado desta ação foi o Plano de Enfrentamento à Violência contra a Juventude Negra – Juventude Viva, coordenado pela SNJ/PR e SEPPIR, que reúne projetos de diversos Ministérios (Saúde, Educação, Cultura, Esportes, Justiça, Trabalho e Secretaria de Direitos Humanos), construído de forma amplamente participativa. Integraram esta ação coletiva, o Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE, Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR, Conselho Nacional de Segurança Pública – CONASP, Conselho Nacional de Política Cultural – CNPC, Conselho Nacional de Saúde – CNS, Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA e Comissão Permanente de Combate à Tortura e Violência Institucional, esses últimos presentes nas reuniões Interconselhos.

Serviço:
Evento: Sou negro, jovem e favelado: quero e tenho o direito de viver
Tema: Apresentação do Plano de Enfrentamento à Violência contra a Juventude Negra - Juventude Viva
Dia: 5 de março (terça-feira)
Horário: 9h às 13h
Local: Auditório Internacional da ENSP/Fiocruz - 4º andar (Rua Leopoldo Bulhões, 1.184 - em frente à Estação Ferroviária de Manguinhos)

LTM é contemplado em edital para o PAC


Um projeto coordenado por pesquisadores da ENSP/Fiocruz, por meio do Laboratório Territorial de Manguinhos (LTM), foi contemplado por edital que visa apoiar pesquisas científicas e tecnológicas que contribuam para o monitoramento, a avaliação e o aprimoramento dos Programas Minha Casa, Minha Vida e Aceleração do Crescimento (PAC). 

Nome do projeto:Políticas públicas, moradia, saneamento e mobilidade: uma análise participativa do PAC Manguinhos RJ na perspectiva da promoção da saúde e da justiça ambiental.
Objetivo: fazer uma análise do PAC Urbanização de Assentamentos Precários – PAC Favelas – nos complexos de Manguinhos, Alemão e Rocinha, considerando as intervenções referentes aos aspectos ambientais e seus desdobramentos sobre a ocupação do território e da moradia.
Linha temática: Aspectos de desenho, implementação e avaliação do PAC Urbanização de Assentamentos Precários, por meio do subtema Relação entre a ocupação humana e o meio ambiente nas intervenções em assentamentos precários do PAC Urbanização de Assentamentos Precários.
Prazo: até junho de 2014. 
Coordenação: Marcelo Firpo, do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh), e Marize Cunha, do Departamento de Endemias Samuel Pessoa (Densp).
Colaboradores: pesquisadora do Cesteh/ENSP Fátima Pivetta, da pesquisadora do Departamento de Ciências Socias (DCS/ENSP) Lenira Zancan, além de bolsistas-moradores das comunidades de Manguinhos, Alemão e Rocinha.

De acordo com Fátima Pivetta, o projeto pretende, a partir de mudanças trazidas pelo PAC, discutir algumas questões. Entre elas, destacam-se: se as mudanças responderam às demandas históricas dos moradores em relação ao saneamento; se contribuíram para a mobilidade dos moradores dentro desses territórios e se os integrou à cidade; e se essas mudanças vêm produzindo novas configurações espaciais e sociais nas regiões alcançadas pelas grandes intervenções do PAC. O projeto também pretende analisar o que significa, para os moradores, viver nesses territórios em mudança e identificar os desdobramentos das mudanças sobre a produção social da saúde e da doença.

Para responder a essas questões, o estudo recorrerá, também, às oficinas de discussão (oficinas de memória e temáticas) com atores locais, mediadas pelos materiais (documentários e relatório fotográfico) já produzidos sobre o PAC Manguinhos e outros disponibilizados pelos agentes sociais parceiros nos territórios do Alemão e da Rocinha, como o Instituto Raízes em Movimento e a TV Tagarela.

“Pretendemos influenciar e redirecionar políticas públicas que simultaneamente reduzam vulnerabilidades socioambientais e ampliem os direitos humanos e a cidadania das populações. Nessa proposta, o processo de leitura do PAC Manguinhos deve servir como um roteiro para estreitar e ampliar o diálogo com organizações de outros territórios do município do Rio de Janeiro que têm sofrido intervenções semelhantes, como o Alemão e a Rocinha. Além do diálogo com moradores e lideranças comunitárias, esperamos também estreitar os laços com organizações com um papel relevante na avaliação e questionamento de políticas públicas, em especial o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), estabelecendo mecanismos de reflexão que possibilitem realizar uma leitura mais ampla do PAC na cidade do Rio de Janeiro”, concluiu Fátima.

Fonte: Informe Ensp